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Jardel pede prorrogação de licença da Assembleia do RS por mais 60 dias
18/05/2016

Defesa do deputado protocolou pedido e apresentou um novo atestado.
Alegação é depressão; parlamentar foi denunciado por desvio de verbas. O deputado estadual Mário Jardel apresentou à Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul a prorrogação da licença de saúde por mais 60 dias. O documento foi protocolado na terça-feira (17), e alega depressão. Assessor denunciou Jardel por desvio de verbas
da Assembleia Legislativa (Foto: Reprodução)  

Em 18 de abril, a defesa do parlamentar pediu afastamento, aceita dois dias depois e válida até esta quarta (18). Assinado por um psiquiatra, o atestado apontava que o ex-jogador de futebol estava sem condições de trabalhar devido à depressão. O G1 tentou contato com o advogado de Jardel, Nery de Vargas Marques, mas não teve as ligações atendidas. Na manhã desta quarta (18), houve uma reunião da subcomissão processante da Comissão de Ética Parlamentar que apura denúncias contra o deputado. No entanto, a ausência de testemunhas encerrou o encontro rapidamente. Conforme o relator do processo, deputado estadual Sérgio Turra (PP), encerraram-se as oitivas de testemunhas. Agora, segundo o parlamentar, cabe à Mesa deliberar sobre o pedido de prorrogação da licença médica e, a cada um dos integrantes da subcomissão, decidir sobre o encerramento ou não da instrução probatória. Está marcado para a próxima terça (24) um novo encontro da subcomissão para tratar a respeito do assunto. O parecer conclusivo deve ser apresentado após cinco sessões ordinárias, a partir do término da instrução.     Investigadores foram até a casa de Jardel fazer
buscas (Foto: Divulgação/Ministério Público) Denúncias contra Jardel
Em novembro do ano passado, o Ministério Público deflagrou a Operação Gol Contra, após uma denúncia de um dos assessores de Jardel. O deputado foi acusado de desviar verbas da Assembleia Legislativa, exigir parte dos salários de funcionários fantasmas e até de envolvimento com traficantes. Mandados de busca e apreensão foram cumpridos no apartamento do parlamentar, em Porto Alegre. Gravações e escutas telefônicas ajudaram a comprovar o esquema. Em dezembro, o corregedor-geral da Assembleia, deputado Marlon Santos (PDT), recomendou a cassação do mandato de Jardel. No relatório apresentado na Comissão de Ética, o pedetista apontou indícios de irregularidades já apuradas pelo MP, como a nomeação de servidores para a obtenção de vantagens, o envolvimento com traficantes, o que configura quebra de decoro parlamentar, e fraudes em diárias. Jardel nega. No fim do ano passado, durante a sessão extraordinária convocada pelo governador José Ivo Sartori para a votação do pacote da sexta etapa do ajuste fiscal, o parlamentar afirmou que pretende restabelecer a verdade sobre as denúncias, mas reconheceu ter errado no início de seu mandato. "Estou começando agora na política. Estou começando errado, mas posso melhorar", disse o deputado na ocasião. Em abril deste ano, a defesa de Jardel protocolou um pedido de afastamento por 30 dias, válido até esta quarta, 18 de maio. Esquema unia Jardel e assessores
Conforme a denúncia do MP, entre fevereiro e novembro de 2015, Jardel e o advogado e assessor parlamentar Christian Vontobel Miller, o chefe de gabinete Roger Antônio Foresta, o coordenador-geral de bancada do PSD, Ricardo Fialho Tafas e o chefe de gabinete do líder da bancada do PSD, Francisco Demetrio Tafras, todos denunciados, integraram um esquema com objetivo de obter vantagens financeiras, mediante a prática de crimes contra a administração pública, como peculato e concussão, além do uso de documentos falsos e da lavagem de dinheiro. Documentos entregues no TJ pelo procurador de
Justiça (Foto: Ministério Público/Divulgação) De acordo com as investigações, a partir da posse Jardel como deputado estadual e da nomeação dos quatro assessores, eles planejaram e executaram a prática de crimes de peculato. Para o MP, verbas públicas referentes a diárias fictícias foram desviadas, além de indenizações veiculares fraudulentas e à manutenção de “funcionários fantasmas”. Também foram cometidos delitos de concussão, caracterizados pela exigência de repasse de parte de salários e de verbas indenizatórias de servidores, além de uso de documentos falsos e de lavagem de dinheiro. O valor desviado, entre abril e novembro de 2015, é estimado em R$ 212.203,75. MP diz que Jardel liderava o esquema
O MP afirma na denúncia que Jardel, que comandava o esquema, era o destinatário final da maior parte dos valores arrecadados. Christian Vontobel Miller, além de ser o mentor das irregularidades, participou ativamente desde a montagem do quadro de servidores até as deliberações que resultaram na prática dos delitos. Segundo o MP, como advogado pessoal e assessor de Jardel, ele era responsável por evitar que os crimes chegassem ao conhecimento das autoridades policiais, ministeriais ou da imprensa. O chefe de gabinete Roger Antônio Foresta era o interlocutor do parlamentar nas exigências de parte dos salários e das diárias recebidas pela maioria dos assessores. Ele era o responsável, ainda, por arrecadar, mensalmente, parte dos salários dos demais colegas assessores. Em algumas ocasiões, recebeu valores em sua própria conta corrente, para, posteriormente, repassar de forma direta todo o dinheiro arrecadado a Jardel. Foresta era o primeiro responsável pela execução das ordens de Jardel, encaminhando os trâmites necessários à contratação dos “assessores-fantasmas”, o pagamento de diárias indevidas e de indenizações veiculares fraudulentas, bem como a cobrança, saque, guarda, transferência, ocultação e dissimulação da origem ilícita dos valores arrecadados junto aos servidores. Já o coordenador-geral de bancada do PSD, Ricardo Fialho Tafas, era corresponsável pela execução das ordens do parlamentar, gerando diárias inexistentes e atuando, da mesma forma, na cobrança dos valores dos demais servidores. Cabia a ele, também, a geração de indenização veicular irregular. Por fim, o chefe de gabinete de líder da bancada do PSD, Francisco Demetrio Tafras, era responsável por exigir dos demais assessores, sob ameaça de perda do cargo em comissão, o repasse mensal de parte do salário. Um dos assessores foi beneficiado pela delação premiada, já que prestou informações ao Ministério Público. A denúncia cita diversas irregularidades verificadas: organização criminosa, lavagem de dinheiro, funcionários fantasmas, diárias de viagens e indenizações por utilização de veículo irregulares, viagens partitulares e tráfico de drogas.

Fonte: G1
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